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2012 - Livro Vermelho 2013

Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld ex de Souza EN

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 17-09-2012

Criterio: A2cd

Avaliador: Luiz Antonio Ferreira dos Santos Filho

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Anemopaegmaarvense é conhecida popularmente por catuaba, alecrim-do-campo e catuabinha. São subarbustos terrícolas, deciduifólias,hermafroditas, apresentando síndrome de polinização melitófila e dispersãoanemocórica. São plantas autocompatíveis e agamospérmicas. Não é endêmica do Brasil, ocorrendo também na Bolívia e no Paraguai. No Brasil, além da distribuição nos Estados supracitados, tem indicações de ocorrência também na Bahia, Ceará e Maranhão. É adaptada ao fogo e é bastante usada no comércio de plantas medicinais. Extratos da espécie foram patenteados por grupos de pesquisas japoneses para fins cosméticos. A grande exploração da espécie e ausência de cultivo no país para fins comerciais causaram um declínio populacional de 50% nos últimos 10 anos. Mesmo ocorrendo em diversas unidades de conservação (SNUC), encontra-se ameaçada devido ao intenso desmatamento do bioma Cerrado e a sua exploração in situ. São necessários esforços de coleta a fim de verificar a diversidade genética das subpopulações, a viabilidade populacional e sua proteção, além da elaboração de um plano de manejo adequado, que viabilize a exploração da espécie.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld ex de Souza;

Família: Bignoniaceae

Sinônimos:

  • > Anemopaegma mirandum ;
  • > Anemopaegma mirandum var. angustifolium ;
  • > Anemopaegma mirandum var. glabrum ;
  • > Anemopaegma mirandum var. hirsuta ;
  • > Anemopaegma mirandum var. latifolium ;
  • > Anemopaegma mirandum var. petiolatum ;
  • > Anemopaegma mirandum var. puberum ;
  • > Anemopaegma mirandum var. pubescens ;
  • > Anemopaegma mirandum var. sessilifolium ;
  • > Anemopaegma mirandum var. verticellatum ;
  • > Anemopaegma sessilifolium ;
  • > Anemopaegma subundulatum ;
  • > Bignonia arvensis ;
  • > Bignonia miranda ;
  • > Jacaranda arvensis ;
  • > Anemopaegma mirandum var. glabra ;
  • > Anemopaegma mirandum var. latifolia ;
  • > Anemopaegma mirandum var. petiolata ;
  • > Anemopaegma mirandum var. pubera ;
  • > Anemopaegma mirandum var. puberula ;
  • > Anemopaegma mirandum var. verticillata ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

O gênero Anemopaegma é bastante controverso e confuso e provavelmente várias espécies surgiram por hibridização e introgressão (Gentry, 1973 apud Firetti-Leggieri, 2009). Firetti-Leggieri (2009) sugere que A. arvense é um complexo de espécies composto por A. acutifolium DC., A. arvense (Vell) Stellf. ex De Souza e A. glaucum Mart. ex DC. Diferenciação entre cada espécie em Firetti-Leggieri (2009).Nomes populares: "alecrim-do-campo", "caramuru", "catuaba", "catuaba-pau", "catuaba-verdadeira", "catuabinha", "catuíba", "marapuama", "pau-de-resposta", "piratancará", "piratançara", "tatuaba", "verga-tesa", "vergonteza" (Lohmann, 2012). Bastante difundida na medicina popular, outras espécies também são conhecidas por "catuaba", como Erythroxylum catuaba, E. vaccinifolium (Erythroxylaceae), Phyllanthus nobilis (Euphorbiaceae), Secundatia floribunda (Apocynaceae), Tetagastria catuaba (Burseraceae) e Trichilia sp. , mas apenas A. arvense é considerada "a verdadeira catuaba" (Batistini, 2006). A palavra "catuaba" origina-se de um termo composto tupi que significa "homem válido" (Charam, 1987 apud Batistini, 2006).

Potêncial valor econômico

Extratos de A. arvense têm sido patenteados por grupos de pesquisa japoneses para fins cosméticos (Mio et al., 2003 apud Batistini, 2006).A planta é vendida por 3,99 libras (http://www.everyonedoesit.com/online_headshop/Catuaba_Anemopaegma_Arvense.cfm; acesso em 26/03/2012).

Dados populacionais

Batistini (2006) analisou a variabilidade e estrutura genética de 106 indivíduos de sete subpopulações de A. arvense no interior do Estado de São Paulo. Essa espécie possui grande variabilidade genética dentro e entre as subpopulações. A variabilidade genética entre subpopulações não é estruturada espacialmente e provavelmente já existia antes da devastação do Cerrado no Estado de São Paulo (Batistini, 2006; Batistini et al., 2009). Forma grandes supopulações em áreas recém-queimadas (Firetti-Leggieri, 2009).

Distribuição

Espécie não endêmica do Brasil, encontrada também na Bolívia e Paraguai (Firetti-Leggieri, 2009). No Brasil é amplamente distribuída, encontrada nas Eegiões Norte (Tocantins, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná) (Lohmann, 2012).

Ecologia

É um subarbusto com xilopódio (Batistini, 2006) encontrado em Cerrado e Mata Atlântica (Lohmann, 2012). No bioma Cerrado, é encontrada em áreas de campo rupestre, campo limpo, sujo, cerrado e cerradão (Firetti-Leggieri, 2009). É dispersa pelo vento (Batistini, 2006) e é adaptada ao fogo (Loiola et al., 2010): após a passagem do fogo, os frutos se abrem e podem ser dispersos, uma vez que as gramíneas que formariam uma barreira que impediria a dispersão da semente foram consumidas pelo fogo (Batistini, 2006). Floresce o ano todo, sendo polinizada por diversas espécies de abelhas. As espécies do complexo A. arvense são autocompatíveis entre si e são agamospérmicas, sendo poliplóides e formando múltiplos embriões (Firetti-Leggieri, 2009). Após a reprodução, a parte aérea da planta morre, permanecendo apenas a parte subterrânea (Firetti-Leggieri, 2009). O brotamento de ramos e folhas novas ocorre de março a agosto, ocorrendo cerca de 15 dias após a passagem do fogo (Firetti-Leggieri, 2009).

Ameaças

3.2.2 Sub-national/national trade
Detalhes É uma espécie bastante difundida no comércio de plantas medicinais e não há registro de cultivo no nosso país (Batistini, 2006).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes O bioma Cerrado perdeu cerca de 48% de vegetação nativa até 2009 (MMA/IBAMA, 2011).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Considerada "Vulnerável" (VU) pela Lista vermelha da flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR,1995).

5.7 Ex situ conservation actions
Situação: needed
Observações: Batistini (2006) recomenda que 37 dos indivíduos analisados por ela sejam inseridos em um banco de germoplasma "in vitro", seguindo métodos morfológicos, moleculares e de análise fitoquímica.

4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: Encontrada em diversas unidades de conservação (SNUC), Reserva Ecológica do IBGE, DF, Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, GO, Parque Estadual Gruta da Lagoa Azul, MT, entre outras (CNCFlora, 2012).

Usos

Referências

- LOHMANN, L.G. Bignoniaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB112500>.

- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE/DEUTSCHE GESSELLSCHAFT TECHNISCHE ZUSAMMENARBEIT (SEMA/GTZ). Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná, Curitiba, PR, p.139, 1995.

- ANA PAULA BATISTINI. Diversidade Morfológica, Genética e Química de Populações Naturais de Anemopaegma arvense (Vell.) Stellf. Tese de Doutorado. Jaboticabal, SP: Universidade Estadual Paulista, 2006.

- BATISTINI, A. P.; TELLES, M. P. C.; BERTONI, B. W.; COPPEDE, J. S.; MÔRO, F. V.; FRANÇA, S. C.; PE. Genetic Diversity of Natural Populations of Anemopaegma arvense (Bignoniaceae) in the Cerrado of São Paulo State, Brazil. Genetics and Molecular Research, v. 8, n. 1, p. 52-63, 2009.

- FABIANA FIRETTI-LEGGIERI. Biossistemática das Espécies do Complexo Anemopaegma arvense (Vell.) Stellf. ex de Souza (Bignoniaceae, Bignonieae): Aspectos Anatômicos, Citológicos, Moleculares, Morfológicos e Roprodutivos. Tese de Doutorado. Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas, 2009.

- LOHMANN, L.G.; PIRANI, J.R. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais, Bignoniaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, v. 17, p. 127-153, 1998.

- LOIOLA, P. P.; CIANCIARUSO, M. V.; SILVA, I. A.; BATALHA, M. A. Functional Diversity of Herbaceous Species Under Different Fire Frequencies in Brazilian Savanna. Flora, v. 205, p. 674-681, 2010.

- Base de Dados do Centro Nacional da Conservação da Flora (CNCFlora). Disponivel em: <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/>. Acesso em: 2012.

Como citar

CNCFlora. Anemopaegma arvense in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Anemopaegma arvense>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 17/09/2012 - 18:43:13